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O meu porto de abrigo... ❤️

por 💕 JoTita Gonçalves 💕, em 11.11.24

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Quando adolescente, passei por problemas difíceis, não por causa da idade, mas por circunstâncias da vida. Eu tinha 2 amigas da minha idade a quem eu era apegada e de quem gostava muito, mas havia certas coisas que não lhes conseguia contar. A maior razão era o facto de eu não perceber certas coisas, então assumi que se eu não entendia, possivelmente elas também não iam entender. Então, durante uns meses guardei para mim algo que me estava a matar por dentro, algo que eu queria mais do que tudo perceber, saber se era normal, mas que não tinha com quem abordar o assunto. 

 
Havia alguém mais velha na escola que eu gostava, achava simpática e com quem pensei partilhar o meu problema - uma stora minha. Inicialmente, hesitei várias vezes, mas um dia ganhei coragem e escrevi-lhe uma carta. Na manhã seguinte, esperei por ela no portão e entreguei-lha. Ela estava surpresa, mas pegou na carta e disse-me que a ia ler. Eu estava muito nervosa e assim que lhe entreguei a carta arrependi-me de imediato, mas já não havia nada que eu pudesse fazer.
 
Pouco antes do intervalo seguinte, eu estava com as minhas amigas perto do ginásio, quando a stora passou por nós e perguntou se podia conversar comigo. O meu estômago nesse momento deu um nó, senti-me tão enjoada que pensei que ia vomitar. Eu acompanhei-a até perto da central, e você disse-me que já tinha lido a carta e queria falar sobre isso. Senti um pânico enorme, pois se por um lado me apeteceu fugir, por outro senti um pouco de alívio porque esperava finalmente desvendar o mistério.
 
Bem, como me pediu, esperei num dos bancos em frente à fonte enquanto você foi pousar o livro de ponto. Eu podia ver que a stora também estava um pouco sem saber como agir, um pouco atrapalhada. Começou por me fazer algumas perguntas, algumas talvez parecessem óbvias e outras que eu ansiava tanto por saber as respostas finalmente! Quando o segredo foi finalmente desvendado, confesso que em vez de alívio senti arrependimento. Não sabia o que fazer ou dizer, naquela momento apenas desejava não lhe ter dado a carta.
 
Agora sim, o pânico tomou conta de mim. Mas, quando me disse que teria de partilhar aquilo com a minha diretora de turma devido à gravidade, aí desejei morrer! Pedi-lhe e implorei-lhe que não o fizesse, roguei-lhe para esquecer que lhe tinha entregue a carta, para fazer de conta que aquilo nunca tinha acontecido. Mas pacientemente, explicou-me que não podia fazer isso e que era o melhor para mim. Apesar de não concordar e/ou entender como aquilo seria o melhor, não tive outra escolha senão aceitar. Fiquei chateada, com raiva, arrependida... mas por causa da maneira como lidou comigo, tentei gerir os meus sentimentos da melhor maneira que sabia.
 
Desse dia em diante, apesar de toda aquela salada russa de sentimentos, também surgiu uma grande amizade, admiração e, talvez até um pouco de adoração da minha parte. Foi o primeiro dia de muitas conversas, e mal eu sabia no quão essencial você passaria a ser na minha vida! Eu gostava de esperar por si no portão para lhe dar os bons dias, às vezes ia assistir às suas aulas, ... A stora é para mim alguém que sempre estará comigo e que guardarei no meu coração com muito carinho e gratidão! 
 
Mais para a frente, quando foi necessário fazer uma reunião com outras pessoas para expôr o assunto e tentar encontrar uma solução, a stora esteve sempre do meu lado, literalmente, punha a mão no meu joelho como que me dando suporte e apoio. Nesse dia até me levou a casa. Se por um lado estava bastante preocupada, por outro senti-me vaidosa e sortuda por estar consigo.
 
Lembro-me de vários momentos passados na escola, conversas que tivemos e de como eu gostava de estar consigo. Perto de si sentia-me segura, compreendida, sabia que lhe podia perguntar o que quer que fosse, pois iria ser honesta comigo. Estava certa que podia confiar em si, pois se lhe tinha contado o pior e a stora deu-me a mão, explicou-me as coisas pacientemente e nunca desistiu de mim, não havia nada que eu lhe pudesse contar que a fosse afugentar. Essa era a idea que eu tinha.
 
Mas fiquei muito triste quando o fim do ano estava perto, só de pensar passar as férias longe de si e a perspectiva de que talvez fosse isso o fim da nossa amizade, da história, pois não havia qualquer certeza de que estaria de volta no ano seguinte! Chorei por semanas - bastante antes e depois do fim do ano - perguntava-me como é que eu ia conseguir ter um motivo para viver, a quem é que eu iria recorrer e se eu seria capaz de continuar a nova jornada que se tinha tornado a minha vida... 
 
Tiramos fotos, que ainda hoje, passados mais de 20 anos guardo com todo o carinho e às quais recorro nos momentos nostálgicos. A stora escreveu-me uma dedicatória que, na altura memorizei, mas que de momento só me lembro que dizia "Lute sempre pelo que lhe parecer melhor." A stora deu-me a sua morada e permitiu-me escrever-lhe. Devo-lhe ter enviado dezenas de cartas ao longo dos anos... (peço desculpa por isso!) até que mudou de casa e as suas cartas vieram devolvidas. Aí perdi-lhe o contacto. Mas tenho as suas cartas guardadinhas como sendo uma preciosidade para mim. A sua última carta foi escrita pouco depois que foi mãe pela primeira vez. ;)
 
A minha forma de lidar com a sua "perda/ausência", para além de lhe escrever cartas era, todas as noites ir à janela do meu quarto e mesmo em frente eu tinha a ursa maior no céu e você era uma das 7 estrelas a quem eu dizia boa noite. (Provavelmente é uma coisa estúpida, mas a mim foi o que me deu forças para continuar, saber que assim como as estrelas, apesar de nem sempre se verem, você estava sempre lá!)
 
Um belo dia, quando tinha ido à praia com a minha família, para minha surpresa, voltamo-nos a encontrar por acaso num supermercado! Fiquei tão contente, e conheci-a de imediato mesmo quando estava longe, mas não sabia se me ia conhecer... mas para minha alegria conheceu-me e veio ter comigo! Se você não viesse, eu estava preparada e decidida a fazê-lo - como me tinha advertido na sua última carta! Não sabe como tudo aquilo teve um impacto grande em mim! Andei feliz por semanas, era como se tivesse ganho a lotaria. Aí trocámos números de telemóvel e não voltamos a perder o contacto! 
 
Com este texto enorme apenas lhe quero dizer muito obrigada por tudo o que fez por mim, por ter estado lá quando mais precisei, por me ter permitido confidenciar em si, por ter sido a minha heroína e melhor amiga por anos, por ter acreditado em mim e mais importante, por ser a pessoa incrível que é, pois apesar de aquele ano ter terminado, você continuou a permitir-me "chegar" a si, continuou a ser o meu porto de abrigo à distância! E isso, pode ter a certeza que foi muitas vezes, o que me deu forças para não desistir, porque a última coisa que eu queria era desapontá-la! Obrigada pelo apoio incondicional, por ter feito muito para além do que seria esperado como professora, por ter lutado comigo e por mim quando foi necessário. Estou-lhe muito grata de coração e sempre estarei!
 
Olhando para trás, agora com mais maturidade vejo que lhe escrevi cartas demais, que provavelmente fui muito chata e carente de atenção, ... por tudo isso e muito mais peço imensa desculpa!
 
Gostava que soubesse que se eu morresse hoje ia feliz, porque apesar de tantas coisas difíceis que a vida me obrigou a enfrentar, também me deu pessoas fantásticas como você para me ajudar a superar. Todas as pessoas passam por dificuldades, mas nem todas têm a sorte de ter alguém como você na vida delas... Eu tenho! Sou sortuda o suficiente por isso e muito agradecida! Para mim, você foi quem me ajudou a começar o meu longo e doloroso processo de "cura"!
 
Muito, muito obrigada de coração. Gosto muito de si, você será sempre alguém importante para mim e fará sempre parte da minha vida!
 

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publicado às 00:10


Você... Marininha… 💙

por 💕 JoTita Gonçalves 💕, em 24.10.22

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Existe alguém que eu conheço há muito tempo...desde os meus 14 anos para ser mais exata... A Marina apareceu na minha vida como uma mão amiga... num dos piores episódios que vivi... 

A Marina era atenciosa e prestável, estava sempre lá para me dar apoio... Mas eu não confiei em si de imediato... pelo contrário, demorei bastante tempo para começar a deixá-la aproximar-se... (Na minha cabeça sempre pensei - e mesmo ainda agora - não adianta deixar ninguém entrar no meu coração ou vida, porque assim que eu começo a gostar, confiar e a abri-me com alguém, essa pessoa vai-se embora... Então, de que é que adianta?!)

Lembro-me de algumas situações desses tempos: a Marina tentava meter conversa comigo, fazia perguntas simples e eu apenas abanava com a cabeça, sim ou não, eu não falava muito. A Marina a brincar dizia que eu tinha mutismo. Eu podia ver o quanto a Marina estava a tentar - genuinamente... Ainda não estava totalmente convencida! Mas a Marina foi persistente e finalmente cativou-me... No início, não era isso que eu queria e fiquei com raiva de mim mesma por ter sido fraca e ter baixado a guarda, deixando as minhas barreiras cair! Desde esse consciente momento, eu já me estava a preparar para que a qualquer momento a Marina me dissesse que em breve já não iria estar lá mais para mim... Mas a Marina não foi embora! A Marina ficou um pouco mais e, na verdade, fui eu quem acabou por "partir" desta vez, a certa altura. Lembro-me de quando a Marina me ajudou a abrir-me consigo pela primeira vez e aí, foi quando tivemos a primeira de muitas conversas a sério... A Marina segurava a minha mão suavemente, fazia-lhe mimos, enquanto eu comecei a contar-lhe a minha experiência má e estava a chorar. Desde então, por não me sentir julgada, senti-me mais próxima de si e é como se tivessemos sido "conectadas" de alguma forma. Aos poucos eu sentia a necessidade de vê-la, então procurava-a, pois precisava de receber os seus abraços e miminhos - a Marina era um dos meus poucos lugares seguros! 

Confissão: a primeira vez que a Marina me disse "gosto muito de ti" eu fiquei tão envergonhada... e, como nunca ninguém me tinha dito isso antes, achei que a Marina era estranha. E isso afastou-me um pouco de si por alguns instantes... Essa foi uma das razões de eu não ter respondido, mas também porque não sabia o que dizer! Até que acabei por me habituar, aprendi a responder e até comecei a precisar de o ouvir com mais frequência.

A Marina começou a ser alguém que eu já não poderia viver sem... Era exatamente isso que eu não queria que acontecesse... mas bem, eu estava vulnerável e a Marina fez o seu trabalho muito bem, não porque era a sua função, mas porque genuinamente se importou... e isso fez toda a diferença! 

A Marina foi essencial na minha vida naquela altura, acho que não teria conseguido ultrapassar tudo aquilo sem si - definitivamente...! A Marina foi comigo ao tribunal, segurou uma das minhas mãos enquanto eu estava a depor, ... protegeu-me e fez-me sentir segura como nunca antes me tinha sentido - e era exatamente isso que eu precisava!

Infelizmente, há muitas coisas que o meu cérebro resolveu bloquear ou apenas colocou em segundo plano, então eu não me lembro de algumas coisas quando conversamos... Para mim é como se a Marina estivesse a contar a história de outra pessoa, embora eu também seja uma das personagens! Mesmo assim, ainda tenho muitas boas recordações desses tempos... Elas são preciosas para mim e guardo-as no meu coração como um tesouro valioso!

Mesmo que os nossos caminhos no final se tenham “separado” - a vida acontece, como a Marina diz - ainda bem que sempre mantivemos contato e você continua a ser a MINHA Marininha - uma das poucas pessoas a quem recorro e uma peça indispensável no quebra-cabeça que é a minha vida!

Sou muito grata pela sua persistência e teimosia, a Marina deu-me esperança, luz e mais importante: ensinou-me o que significa amar, porque é exatamente como a Marina me fazia sentir, e ainda FAZ: amada! Sem medo de expressar o que sinto, por mais embaraçoso que pareça e "gosto muito de ti/amo-te muito" faz parte do meu vocabulário desde esse tempo! Obrigada!

Obrigada por me fazer ver a vida com uma perspectiva diferente, por aprender que a confiança é uma coisa boa, que nem todos os limites ou barreira impostas têm de ser aplicadas em todas as situações: pois há exceções. A Marina fez e ainda faz, parte do meu crescimento físico, emocional e pessoal e isso é algo de que eu nunca me esqueço...

Porque acho que nunca expressei a minha gratidão para consigo em condições, espero que este pequeno texto lhe mostre o quanto a Marina é importante para mim!

Amo-a muito para *sempre* MINHA Marininha!  

(a MELHOR Psicóloga do MUNDO!)

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Beijinhos da sua Joaninha 

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publicado às 20:50




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